26 de mai. de 2011

Cap 1: Genealogia do Amor

A mulher se reconhece como tal quando já na infância sente que lhe falta o pênis. Assim Freud definiu o início da percepção sexual feminina. Essa é a visão que por muito tempo os homens que escreveram a história registraram a respeito da construção do feminino. A mulher ficou, assim, concebida como aquela que tem em si a necessidade do preenchimento. Essa concepção inconsciente irá desaguar nos relacionamentos com mútuos acordos de opressão.

Em um quadro geral, os corpos dos homens são brutos, rígidos, protuberantes, secos. Enquanto o das mulheres são curvas, úmidas, delicados. A fisiologia deixa isso claro: o pênis se projeta, enquanto a vagina é interior, escondida. O ideal da força faz alguns homens sentirem que podem sustentar o mundo girando em cima de seus membros rígidos, como fazem os jogadores de basquete com a bola rodopiando sobre o dedo.

O que tudo isso tem a ver com o amor, a que se pretende o livro falar?

Bom, antes de existir a concepção romântica do amor que conhecemos hoje, houve uma época em que as mulheres eram vistas como meras reprodutoras. Milênios de muita ciência e tecnologia avançaram até nós e ainda assim são elas tidas por certos homens machistas como as portadoras da fraqueza dos sentimentos. “Mulher é toda sentimental”, “Mulher chora por tudo”, “Mulher é sensível”.

Mais algumas décadas se transcorrem trazendo uma alteração desse paradigma, já que cada vez mais os homens passaram a admitir que não é falta de masculinidade demonstrar o que sentem.

Se por um lado o século XXI traz à luz a oportunidade do diálogo e a quebra de tabus, por outro, se instaura um “Amor líquido”, como denominou o sociólogo polonês ZYGMUNT BAUMAN. Os laços afetivos se tornaram extremamente frágeis.

Os amigos contam uns para os outros na mesa de bar com quantas “ficaram”, quem “pegou”. O importante não é levantar falsos moralismos. A mudança do vocabulário é a parte superficial do iceberg. Afinal, “flertar”, na época dos nossos pais, é a palavra brega correspondente para “ficar”_ resguardando as proporções sobre o que era permitido dentro do “flerte”.

O objetivo deste livro é avaliar os relacionamentos amorosos humanos e o amor, que nunca é sem intenções, mas com várias, segundas, terceiras, quartas, cem intenções de obter companhia, felicidade e união.

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