26 de mai. de 2011

Cap 14: Amar a si mesmo

Estava eu e meus pesos, pingo a pingo de suor, na academia, bem no meio de uma série para o glúteo, quando meus ouvidos se desligaram da música e foram apreciar o papinho das mulheres bem ao lado no colchonete. Todas tinham idade para serem minha mãe, mas apesar de quarentonas eram muito bem definidas, sexys e com bom humor. Um tiquinho metidas por isso também. Uma delas explicava às demais como era sua nova vida: “No almoço eu faço minha salada, como minha gelatina. Depois de tarde amasso uma banana e a noite tomo meu chá e...” E foi assim descrevendo alguns cuidados que passou a ter consigo mesma. No fim arrematou: “Vocês pensam que eu vou deixar de fazer as coisas para mim? Tem mulher que é assim. Eu não, antes eu não fazia para ele? Por que agora eu não posso fazer para mim?”

Como eu pegara a conversa no meio, supus que o tal “Ele” era algum ex-marido. A mulher não se dava conta do que revelava por trás de seu discurso. Provavelmente agora é muito mais feliz, porque no seu antigo casamento ela “Só fazia as coisas para ele”. Não é raro ver mulheres que se entregam totalmente à promoção do bem estar do seu parceiro e dos filhos a tal ponto de se deixarem em terceiro, quarto ou décimo plano. Uma hora isso vira um vulcão que entra em erupção.

Amar-se é fundamental, mas eu digo amar-se na práxis, de verdade e não na utopia. Passar batom, pintar unha, cuidar do cabelo, viajar, estudar, fazer cursos, trabalhar, enfim promover-se, crescer como pessoa, valorizar-se com alguma coisa que significa para você. Isso não é só para as mulheres. Há homens que ao entrarem no casamento sentam no sofá com uma lata de cerveja e não levantam nunca mais, atrofiam literalmente em todos os quesitos. Esse “jogo garantido” pode virar em uma final de derrota.

A pílula acaba estimulando algumas mulheres a ficarem ansiosas e comerem mais. É raro, mas acontece. Só que na maioria dos casos o remédio é visto como o vilão que transformou aquelas mocinhas lindas das antigas fotos em mulheres barrigudas. O que poucas percebem é que o tempo e o comodismo é que as fizeram-nas perderem a definição. Não foi a pílula pura e simplesmente. O primeiro ingrediente para deixar a beleza de lado é amar mais o próximo que a si mesma. Não digo que alguém tem que ser magra para ser bonita. Apenas quero mostrar que algumas mulheres buscam a causa de suas mudanças em agentes externos e fixos erroneamente.

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