26 de mai. de 2011

Cap 17: Amor e distância

De brincar e ser criança, é de tudo que lembro desse amor. Aos pulos e guerras de travesseiro sobre a cama, aos risos sob beijos, infinito em um curto espaço de tempo. Já vivi alguns amores de diversos tamanhos, mas nenhum tão distante como esse. Poderia ser um trailler de filme, uma música, uma pintura e ainda sim seria restrito explicar o que é esperar.

Você está preparada para viver tantas coisas, mas ninguém te ensinou a viver sem o contato físico de quem se ama. Foi assim que não faz nem tanto tempo, e na verdade faz uma vida quase, depende do ponto de vista de quem vê e sente, que eu o vi partir para outro estado.

O carro sumindo, tornando-se pequeno, dobrando a esquina. Eu poderia em poucos flash assistir a um passeio virtual dos nossos melhores e maiores momentos. Só alguns dias juntos que significaram tanto. Posso nos ver subindo uma trilha, até o alto de uma montanha e senti-lo me pegar no colo diante da incrível paisagem do mar. Ouve? São os risos. A chuva nos molhando, enquanto andamos na rua de mãos dadas, sem muita pressa, sem a menor preocupação em molhar a roupa. Seus braços e ombros largos me protegendo em um abraço agasalhador. Mas de imagem em imagem eu chego até aquela despedida.

O carro partindo e levando alguém que nem tive tempo de me perguntar o que mesmo eu sentia? Não tinha nome para aquilo, eu tinha só uma dor no peito de me ver arrancada da melhor parte de mim, parte essa que nunca esteve comigo e que só agora percebia que estava a todo esse tempo, a toda essa vida, com ele. E a levava de mim agora.

Você vai me esperar?, aquela pergunta demandaria de mim o maior dos esforços. E eu arrisquei e apostei tudo naquele amor. E, quando chega o dia em que ele volta, sinto que sempre vale a pena, correr para os seus braços e apertá-lo com muita força e rir.

Viver um amor à distância nos permite enxergar nos outros relacionamentos a fragilidade dos laços amorosos. Casais costumam brigar por coisas tão bestas, fúteis. Se soubessem o que é nunca ter consigo a pessoa que mais te importa, dariam menos tempo aos atritos.

Ninguém, porém, vê em meu rosto a tristeza, nem a dor, que escondo muito bem. Mas eu sei a alegria e a peso das escolhas que fazemos pelo amor que lutamos. Procuro refletir apenas os risos, a felicidade do amor que me move.

Muitos são os momentos sentada diante da janela, pensativa, com uma saudade que mal me cabe no peito. A saudade é esse momento que teima em acontecer e não consegue mais.

Para aqueles que nunca tiveram força, que sempre arrumaram desculpas, que vivem colocando a culpa no outro por não terem ficado juntos, não se esqueça que a única grande separação é a morte. Digo grande, porque levará um tempo para que os dois mais uma vez estejam no mesmo estado de espírito.

Não há infelicidade pela distância, quando se sabe que em algum lugar aquele a quem amo respira, caminha por aí, feliz, me levando consigo no coração. A vida ainda nos unirá outra vez, e dessa vez para sempre.

Enquanto isso, levo comigo tudo aquilo que ele me ensinou sobre simplicidade e desapego. Levo comigo suas lições de persistência. Como posso esquecer sua relutância em anotar o meu telefone, em descobrir meu e-mail, em insistir para que nos encontrássemos outra vez. Eu fui vencida por sua ousadia em não aceitar um não.

Feliz o homem que sabe querer, pois a ele não é necessário muito para ganhar a maior das recompensas, a mulher a quem se ama. Há homens que acreditam que precisam de um carro, de um bíceps, de um status para atrair uma mulher. Tudo que eles precisam é acreditar mais em si e não desistir. Os que desistiram facilmente nunca terão a dádiva de usufruir a felicidade ao lado daquela que amou.

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